ESG: Gestão da Cadeia de Fornecimento Sustentável

ESG: Gestão da Cadeia de Fornecimento Sustentável

Andrea Moreno Andrea Moreno
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A gestão da cadeia de fornecimento sustentável ESG é um conceito que ganhou destaque nas últimas décadas devido ao crescente reconhecimento dos desafios ambientais e sociais que enfrentamos globalmente, e que se traduz na exigências dos reguladores, tanto nacionais como internacionais. Já não falamos somente de uma estratégia de negócios, com diferenciais competitivos, mas uma abordagem essencial para garantir que, com vistas ao futuro, as empresas desempenham um papel fundamental na mitigação de impactos negativos no meio ambiente e na sociedade.Muitos foram os exemplos históricos de casos onde a sustentabilidade não foi um fator relevante e tivemos consequências nefastas, tanto para o meio ambiente, como para a saúde dos trabalhadores, incorrendo, por vezes, a comissão delitiva por parte das empresas.

Entendendo a Gestão da Cadeia de Fornecimento Sustentável

A gestão da cadeia de fornecimento sustentável envolve a integração de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG) em todas as etapas da cadeia de fornecimento, desde a seleção de fornecedores até a entrega do produto final aos clientes. Ela se baseia em três pilares fundamentais:

1. Ambiental: Isso inclui a minimização do impacto ambiental ao longo da cadeia de fornecimento, como a redução das emissões de carbono, o uso eficiente de recursos naturais e a gestão responsável de resíduos. A sustentabilidade ambiental visa preservar ecossistemas, mitigar a mudança climática e promover a conservação.

2. Social: A gestão da cadeia de fornecimento sustentável também se preocupa com o bem-estar das pessoas envolvidas na produção, desde os trabalhadores nas fábricas até as comunidades locais afetadas pelas operações das empresas. Isso envolve práticas justas de trabalho, respeito aos direitos humanos e contribuições para o desenvolvimento social.

3. Governança: A governança eficaz é crucial para garantir que as práticas sustentáveis sejam implementadas e mantidas ao longo da cadeia de fornecimento. Isso inclui a adoção de políticas transparentes, estruturas de prestação de contas e supervisão adequada.

A título de Exemplo, vamos explorar o Caso das chamadas "Moças do Radium"

Uma trabalhadora emprega pintura luminosa em uma fábrica de relógios em 1932.GETTY

O caso das "Moças do radium", também conhecido como o "Casos de Radium" ou "garotas radioativas", é um episódio trágico da história que aconteceu nos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX. Esse caso destacou os perigos da exposição à radiação e levou a mudanças significativas na regulamentação da segurança no local de trabalho e na conscientização sobre a saúde ocupacional.

Abordando o contexto histórico, o caso das Moças do radium aconteceu durante as primeiras décadas do século passado, na cadeia de produção de esferas de relógios com ponteiros luminosos da empresa United States Radium Corporation (USRC) de Orange, Nueva Jersey. Para dar às peças de relógio um brilho luminoso no escuro, o elemento radioativo radium era usado em formato de pó. Este pó era misturado com substâncias como sulfeto de zinco para criar uma tinta que brilhava no escuro quando aplicada nos ponteiros dos relógios. Hoje reconhecemos o rádio como um elemento altamente contaminante e perigoso.

As jovens trabalhadoras que foram apelidadas de "Moças do Radium, ou garotas do radium, ou gatoras radioativas" eram empregadas nas linhas de produção de esferas dos relógios luminosos. Suas responsabilidades consistiam em pintar os números e os ponteiros dos relógios com essa tinta contendo radium, sendo intruídas para fazê-lo dando uma uma forma fina ao pincel com a boca, para obter um ponto mais preciso. Em nenhum momento, foram avisadas ou advertidas da toxidade do material, porém, os químicos que trabalhavam na empresa, sim utilizavam elementos de proteção especial para a manipulação do elemento químico.

Este trabalho, resultou na ingestão involuntária do pó, que era extremamente radioativo, e também, na utilização recreativa do mesmo, pois ao ter os dentes brilhantes, utilizavam como um "acessório" à saída do trabalho.

Porém, à medida que o tempo passava, muitas dessas jovens trabalhadoras começaram a desenvolver sérios problemas de saúde, e foi em 1922 que a trabalhadora Mollie Maggia teve de afastar-se do trabalho, com sintomas que mais tarde todas as trabalhadoras desenvolveram, as quais incluiam dores intensas, fraturas ósseas, anemia, necrose dos maxilares e câncer em diversas partes do corpo, levando-lhes à uma morte lenta e incrivelmente dolorosa.

Mãos afetadas por radiação / Crédito: Divulgação/Youtube

O legado histórico das "Moças do Radium" é uma lembrança sombria da importância da segurança no local de trabalho e da responsabilidade das empresas em proteger seus trabalhadores e a sua cadeia produtiva. Essa trágica história também destaca como as lutas das vítimas por justiça podem levar a mudanças significativas na legislação e na conscientização pública sobre questões de saúde e segurança. A coragem destas trabalhadoras deixou um impacto duradouro na proteção dos direitos dos trabalhadores e na regulamentação de substâncias perigosas no ambiente de trabalho.

De efeito, este caso foi o propulsor da criação do Occupational Safety and Health Administration, OSHA, nos Estados Unidos, e a obrigação das empresas contarem com métodos de proteção à saúde e a segurança de trabalhadores.

Esta é uma descrição SOFT dos acontecimentos, redatada para a conscientização. A realidade é muito mais cruel com imagens que literalmente parecem retiradas de um filme de terror.

Porém, será que hoje em dia, ainda existem empresas que mantém práticas criminosas na sua cadeia de produção? Eu diria que certamente sim, talvez não vinculadas à elementos radiativos, porém lesivos em diversas esferas, que podem afectar outras esferas da saúde física e mental dos colaboradores, o meio ambiente e a sociedade.

Quando vemos, uma roupa sendo vendida a 10% do preço de produção no seu país, será que você pensa o que há por trás, o que se passa nesta cadeia produtiva? Qual a responsabilidade que nós consumidores temos na exigência de transparência na produção das empresas? Sem dúvidas, são temas sérios que exigem uma profunda reflexão.

Aprenda sobre Sustentabilidade ESG e Finanças Sustentáveis, no nosso Programa Executivo, que se inicia no dia 02/10/23, e pode ser consultado aqui: https://www.pcbscampus.com/courses/esg-financas-sustentaveis

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