Autonomia Ética: O Ato Singular Humano

Autonomia Ética: O Ato Singular Humano

Alan Ferreira dos Santos Alan Ferreira dos Santos
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Autonomia Ética: O Ato Singular Humano

A autonomia ética é fundamental para o agir humano e se refere ao fenômeno do indivíduo desenvolver a capacidade de ressignificar os valores éticos nos quais está inserido. Essa ressignificação não é o ato de destituição ou de criação de uma nova ética, mas sim aplicação dos valores éticos existentes de modo contextualizado. Essa aplicação que contextualiza os valores éticos é percebida como um ato criativo e ético também, pois o sujeito está a se preocupar com as repercussões de suas ações. É com base nessa preocupação que passa a encontrar novas formas de aplicação da ética, dos seus princípios, uma vez que isso poderia repercutir mais positivamente do que caso seguisse os princípios sem questionamento. É uma postura ética pensar nos princípios éticos e os utilizar responsavelmente pensando os seus efeitos a nível pessoal e comunitário. Nesse sentido, o trabalhador pode deliberar sobre o que pensa ser bom ou não para a empresa que está a trabalhar e consequentemente dizer e expor. Tem a capacidade de escolher sobre o melhor ou o pior, tendo em vista que as suas escolhas irão afetar a vida de todos. O ato de não escolher é por si só uma escolha e que tem repercussões. Autonomia ética.


Esse ato de escolher está embasado em um perfil ético-moral-axiológico-deontológico e que se refere ao indivíduo que compreende os princípios atitudinais que são desejáveis para que o seu desempenho possa elevar o padrão de sua categoria profissional como um todo, mas também ressaltar o senso moral de si próprio como fazendo parte da categoria e assim contribuir para o todo social.

O aspecto ético é a forma de conhecimento que reflete sobre o arbítrio humano e, portanto, sobre a liberdade e a escolha, sendo que o perfil ético é constituído por princípios éticos que são estabelecidos como sendo importantes e que por sua vez vão formar a identidade de um sujeito. Essa identidade estará propicia para se envolver com pessoas que estejam de acordo com esses princípios, caso contrário o sujeito poderá não se encontrar em estado de conformidade em seu meio.

O ato moral, por sua vez, se restringe ao campo da ciência da moralidade. Esse é o aspecto prático da ética e se diferencia desta por estar associado com a conduta em si e os seus efeitos. A ética e a moral se relacionam à medida que a ética com os seus princípios acaba por se tornar um referencial para a conduta humana e por conseguinte da moral.

A ciência dos valores ou axiologia intenta compreender como alguma coisa pode chegar a ter uma propriedade de valor. Como algum conceito, de respeito por exemplo, pode ganhar relevância e atenção por parte dos seres humanos, a tal ponto de ser difundido e propagado como algo apreciável socialmente e, portanto, valorizado.

A deontologia é concebida como sendo uma teoria dos deveres. Basicamente estuda o conjunto de regras e normas de conduta. Cada profissão tem a sua deontologia específica e própria, com as suas regras e normas de conduta idiossincráticas. Se refere ao conjunto de deveres e obrigações que o profissional de uma dada categoria profissional poderá ou não exercer. Nela existe os princípios restritivos que correspondem aos itens deontológicos sobre o que não se pode fazer e o que não se espera dos profissionais da categoria. Ao contrário são os princípios afirmativos que indicam as condutas que se espera e que se deve fazer.   

São esses elementos, ético, moral, axiológico e deontológico que forma um perfil ético-moral-axiológico-deontológico e que é desejável por parte das instituições e que fundamenta propriamente o agir humano em sua essência.

O quinto elemento necessário para o alcance da globalidade se dá em torno das decisões que concernem a vida, isto é, a bioética. O homem é exigido cada vez mais a se responsabilizar com as consequências de sua ação para além do seu meio restrito, assim é requisitado pensar sobre os efeitos de suas condutas em seu ecossistema.

Por fim, um perfil ético-moral, axiológico-deontológico e bioético são pontos ou disciplinas de reflexões para melhor acessar a amplitude do comportamento do homem, até por que a sua ação em si, mesmo que não percebamos age em todas essas dimensões com as quais convivemos, seja através de nossos semelhantes, pois lidamos com a ética e a moral desse, seja através de sua axiologia e deontologia, como também com as decisões referentes a essa forma de vida e as outras com as quais estamos envolvidos e dependemos para delas viver. A autonomia ética envolve todas essas esferas de autonomia e é o que se traduz de mais singular no agir humano.

Dr. Alan Ferreira dos Santos é curador de conteúdos e professor de diversos cursos relacionados com Compliance e Ética na PCBSCampus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DINIZ, Debora; GUILHEM, Dirce. O que é bioética. Brasiliense, 2017.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2007.

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