A Ciência da Liberdade e Ética
A ética tem como fundamento de sua investigação a compilação de dados de várias fontes. A observação dos costumes, dos princípios éticos de outros povos se fazem necessário, como também as diferenças da formulação ética e moral em espaço e tempo distintos. No estudo da ética existe uma divisão didática em seu campo teórico no qual se entende, os problemas gerais e que muitas vezes são caracterizados como fundamentais, e por outro lado, vemos os específicos que se denominam como aplicados. A ética é o estudo da liberdade e não do determinismo. Só podemos falar de ética ou da conduta correta se houver a premissa de que o homem é livre para produzir a conduta certa ou errada.
Quando nos referirmos à ética como uma ciência normativa e nos propomos a classificá-la como um estudo científico das normas de comportamento, isso é um equívoco. Uma ciência do comportamento existe, não podendo a ética aí se incluir. Podemos compreender a ética como sendo o estudo da liberdade humana. A ciência descritiva do comportamento pretende se restringir aos padrões de comportamento, diferenciando-se da ciência da liberdade, visto que não pretende refletir sobre as escolhas ou comportamentos imprevisíveis que o homem faz. A ciência do comportamento é normativa e, portanto, prescritiva. A ética e o comportamento estão envolvidos uma vez que não é possível descolar a ética de uma ação no contexto em que o homem se insere.
O filósofo Kant foi um dos grandes pensadores da ética e uns dos que mais influenciou a reflexão sobre tal. O filósofo propunha que agíssemos com base na expectativa de que a nossa ação poderia ser um exemplo de como agir. Desse modo, se agíssemos na maledicência isso não impediria que o outro também não pudesse fazê-lo, não sendo vantajoso. Portanto, o bom agir permitiria com que outro agisse bem.
Os estoicos propunham a vivência da vida de acordo com a natureza e os acontecimentos, sejam eles bons ou ruins. A ética nesse caso se presumia a estar suficientemente preparado para os acontecimentos da vida e encará-los como necessários. Desse modo, o estoico conforme o tempo não se afetava com as adversidades, pois ficou suficientemente adaptado aos indeterminismos existenciais. Conforme o tempo os acontecimentos passavam a tornar-se “normais” e estes “bons”.
Platão argumentava sobre a Ideia do Bem ou o Bem em si mesmo como sendo uma forma, uma ideia que se busca para tornar tudo inteligível da mesma forma que o sol torna tudo visível, esse bem poderia trazer excelência. A busca pelo Bem poderia repercutir positivamente na vida de todos.
Já Aristóteles esse filósofo, e o primeiro grande cientista, compreendia que o mundo era um todo organizado e que suas partes estavam todas interligadas. A existência de uma desconexão causava perturbações nesse todo. Nesse caso, se cada parte contribuísse com a busca de suas aptidões e gostos, assim seria possível um “encaixe” perfeito no todo, contribuindo para uma maior eficiência desse e gerando uma retribuição do todo para a parte.
Sócrates acreditava que o conhecimento de si poderia ajudar o homem a conhecer as suas aptidões, suas habilidades e excelência. O superlativo é encontrado a partir do momento que deixa de se espelhar no externo para o seu agir e vive de acordo com aquilo que o seu interior lhe propunha. Na busca de si poderia encontrar a verdade e com base nela se conduzir.
Para Epicuro uma vez que o homem busca o prazer e evita o desprazer, esse propõe o hedonismo moderado e racional. O prazer advém de se contentar com o simples. A busca de prazer na simplicidade amplifica o prazer nos momentos sofisticados.
O fatalismo é a concepção que entende todos os acontecimentos como estando determinados. Tudo o que acontece já estava “escrito” para se realizar. É uma forma de determinismo que retira a liberdade e consequentemente inviabilizando uma possível ética, uma vez que a premissa da liberdade é fundamental.
Dr. Alan Ferreira dos Santos é o Professor do Curso de Introdução ao Estudo da Ética,
Psicólogo. Especialista em Neurociências e Psiquiatria.
Docente da PetroShore Compliance Business School.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Editora Schwarcz-Companhia das Letras, 2007.